quarta-feira, 28 de março de 2012

Coisas SIMPLES que me fazem FELIZ

Fui invadida por um cheiro a chá de menta. A Joana está na cozinha a fazer bolachas com a Inês, enquanto eu e a Margarida dançamos e rimos na sala.
Cheguei hoje a casa da Margarida. O Daniel foi-me buscar e a Margarida recebeu-me com um abraço apertado e com um grande sorriso. No caminho para casa senti o vento a bater-me na cara e à medida que o carro ia avançando fui pensando como a costa é bonita. Tinha tantas saudades.
A casa da Margarida é concorrida, um entra e sai de pessoas. Cheira sempre a comida, a doces, canela queimada. Nem sei por onde começar a falar. Tenho tantas coisas para partilhar com a Margarida. Há meses que não nos víamos. Senti-me confusa e cansada, não sabia bem por onde começar.
De repente apareceu a Gina e o Humber em traje africano. Senti-me a sonhar, mas depois percebi que eles estavam mesmo ali. Vieram viver para Portugal. Pensei que o mundo tinha parado naquele momento. Demorei algum tempo! A minha cara abriu-se num enorme sorriso. Estremeci de felicidade.
Passeamos pela ribeira, pelo Cais de Gaia, deambulamos que nem loucos pelas ruas apertadinhas da cidade. A Gina parou em frente a uma senhora velhinha que estava a vender rebuçados. Quis uma mão cheia, fizemos-lhe a vontade. Agradeceu-nos com aquele sorriso meigo e sincero. O meu coração estremeceu outra vez de felicidade, coisas simples que me fazem feliz.
Começamos a sentir o vento frio da serra do Pilar, abraçamo-nos enquanto víamos desaparecer o sol. Fechamos os olhos!
Acordei e tinha lágrimas nos olhos. Um dia a Gina disse-me que ninguém segura nas lágrimas. Eu não fui capaz de segurar as minhas!

sexta-feira, 9 de março de 2012

Olaya

Introdução - Olaya. A minha prima em 2º. grau angolana. Neta do meu tio-avô. Esteve em Portugal quando eu ainda não era nascida. Falámos recentemente pelo facebook. Estou (obviamente) cheia de curiosidade de a conhecer. Ainda por cima, nos últimos dias, tenho me debruçado com mais afinco na elaboração da Árvore Genealógica da minha família.. Daí o sonho..

Uma africana de olhos grandes, pele morena de mulata, cabelo esticado.. Moderna e alegre. Não ouço sons nenhuns. Ela sorri. Está mesmo à minha frente no que parece ser uma estação de comboios no meio do mato. Está com três crianças... As minhas priminhas africanas ! Sinto uma empatia instantânea por elas. Abraçámo-nos após algumas palavras que ela me dirige, que não entendo ou melhor não ouço.. Ela não se apercebe. Abraçadas sinto lágrimas a escorrerem pelas nossas faces até sentir na boca o salgado que nos une. São minhas ? São dela ?

Cabo Verde é isto?

Chego num barco de madeira pintado de azul marinho. Um carioco. Espera-me no pontão uma senhora aparentemente europeia, com ar jovial.  Vou fazer voluntariado numa ONG local -  Fundação D. Ana. Apresenta-me as outras voluntárias. Três raparigas europeias -  uma francesa, uma holandesa e uma portuguesa. As caras delas parecem-me familiares. O tempo estava quente mas com alguma neblina. Vamos de jipe aberto atrás para uma casa de madeira de 2 andares. Há uma festa no pátio com batuques e dança. Deliro. É isto Cabo Verde...É a primeira vez que vejo crioulos, as ruas estavam desertas.. Em casa entro num quarto pequeno com grande varanda para o mar. Estou encantada. Bonita paisagem..mas a vista falha-me e só vejo tons de verde e castanho e tudo à volta se balança. Uma tontura. É o mar que ondula?? Atordoada ouço vozes que me chamam para a cachupa . Acordo..

quinta-feira, 8 de março de 2012

Desassossego e Calma

Nasceu um desassossego. Um sobressalto!

Não sei bem onde estou. Vejo uma cortina de pó e uns telhados pontiagudos todos alinhadinhos e com cruzes na ponta, e vejo a açoteia da minha casa. Como eu gosto de me deitar ao sol na açoteia da minha casa. Ali onde tantas vezes senti o sol a queimar-me a pele e o vento a soprar-me ao ouvido! Estive lá esta noite. Mas também estive em PRG e em STP.

Senti-me confusa e perdida, cansada e sem forças. Talvez porque queria estar nos três sítios ao mesmo tempo. Foi possível estar nos três sítios ao mesmo tempo.

Senti o cheirinho a comida fresca, a minha mãe chamou por mim: ALMOÇO! Cheirava tão bem! Mas não tive tempo para provar. Tenho a certeza que ainda sabia melhor.

Ouvi uma música lá ao fundo, entranhou-se na minha cabeça. A música gritava dentro de mim. Porquê? Está-me a cansar, mas não pára!

Agora estou a saudar o sol na minha açoteia. O sol brilha, brilha e quase que sinto que está a sorrir para mim. Talvez seja eu que estou a sorrir para mim e para Ele. Enquanto me estico toda e faço uma "prancha" olho para o Infinito. Contemplo o sol, o azul, o verde, a minha açoteia. E penso como estou feliz. Mas inquieta e não sei porquê!

Acordo. Porque o tempo não pára. E hoje é dia de cortar o cabelo. Uns dizem que dá má sorte cortar o cabelo, outros que cortar o cabelo nos rouba criatividade. Outros há que acreditam que quem nos corta o cabelo têm o dom de nos passar boas ou más energias, porque têm ali naquele momento um canal aberto para nos descortinar o pensamento. Acredito na última. Estou cheia de BOAS energias!